terça-feira, 21 de julho de 2015

Mar de espinhos

Seus olhos se enterram nos dela e os olhos dela se enterram no chão. Continua falando, devorando a moça com o olhar e as palavras ditas ficam longe.
Esforçam-se para parecerem informais, descontraídos, sem compromisso. Mas aqueles malditos olhos.
Passa a mão na caneca, bebe um gole de café... o assunto vai fluindo, mas ninguém diz o que realmente quer.
Os olhos dela descem até o chão, miram os pés. Aos poucos vai subindo e contemplando cada detalhe, mentalmente... sobe. Para nos lábios, que continuam se movimentando sem  parar.
Começam a citar atividades que fazem, faziam, fariam... quando percebem que tocaram no assunto.
Os olhos dela assumem outra postura agora. Sérios, duros frios. Calculando todos os estragos.
Os dele estão ali, ansiosos, exigindo respostas de perguntas que ele nem fez.
Ninguém percebeu, mas naquele momento era o fim.



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